MARIA MADALENA – 70 ANOS
Há 70 anos nascia uma menina, que viria a se tornar uma moça doce, meiga e tranqüila... ei peraí esse texto tá trocado.... vamos começar tudo de novo....
Maria Madalena é a filha mais velha de uma família de 20 irmãos. Nasceu em Jurumirim, no dia 12 de abril de 1941. Desde pequena tinha obrigações e responsabilidades que pareciam de gente grande.... ajudava a cuidar dos irmãos mais novos, que pareciam brotar das árvores, pois todo ano vô Abel e vó Madalena arrumavam mais um irmãozinho e assim a família foi crescendo com as dificuldades e as alegrias de se ter uma família grande. Aprendeu a costurar muito nova e mesmo com tantos compromissos em casa ainda tinha tempo para costurar pra loja de sua família, que era gerenciada por seu irmão mais velho, José Lana.
Essa Maria era tinhosa, vocês acreditam que só havia um rádio para toda a família, aí era aquela confusão... Zé Lana queria levar pra loja e Maria queria ouvir a novela “Direito de Nascer”. Então ela descobriu uma maneira de se dar bem....tirava a válvula do rádio para que Zé Lana pensasse que ele estava estragado, ele ia pra loja e ela ficava com o rádio, tranqüila... isso deu certo algumas vezes, porque quando Zé Lana descobriu essa façanha, ele ia lá caladinho enquanto ela ouvia a novela e desconectava o fio do rádio. Conclusão: ficavam os 2 sem seus programas favoritos.
Algumas amizades marcaram sua infância e juventude, algumas delas: Vanda do seu Artur, Sinhá Alves, Vera, Aparecida e Dilza da D. Geni, Maria das Graças, Dorinha, Pituchinha, Jovita, Alda, Maria, Iracema e muitas outras que infelizmente com o tempo e a distância foram ficando no passado, mas nunca apagadas de sua memória. E hoje estamos muito felizes por ter a presença de algumas dessas amigas aqui conosco.
Religiosa desde pequena participava ativamente da Paróquia de São Sebastião, cantava em quermeces, foi catequista e participava do movimento filhas de Maria. Chegando a ser festeira em um ano da maior festa religiosa de Jurumirim, a Festa do Padroeiro São Sebastião.
Gostava de rezar, mas gostava também de namorar, e namorou muito. E para sair bem bonita gostava de se arrumar e passar um batonzinho, pois era vaidosa, mas vô Abel não admitia que ela usasse batom (era coisa de mulher à toa), mas ela dava um jeitinho de colocá-lo na bolsa, para passar quando saísse de casa, e ao voltar retirava para que seu pai não percebesse. Mas a maioria das vezes o namoro era mesmo na sala de casa, sempre sob os olhares atentos dos seus irmãos caçulas, que de vez em quando a faziam morrer de vergonha diante dos seus pretendentes. Que o diga Claudina.......
Mas seu coraçãozinho bateu forte mesmo quando avistou José Nunes, aí pensou “é com esse que vou casar”. Começaram a namorar.... mas foi um namoro sofrido... e devido a distância e a indecisão de Zé Nunes, a relação foi esfriando... Foi quando ela começou a namorar Vitório (não falei que ela era namoradeira !!! .....), ele demonstrou muito interesse em um relacionamento mais sério, estavam pensando em noivar...
Esta notícia chegou até o Rio de Janeiro, onde também morava Vicente, seu irmão, que era vizinho de Zé Nunes na época..... mas que depressa Vicente escreveu uma carta para Maria, pedindo que não desse continuidade àquele namoro, pois conhecia bem o pretendente e achava melhor que ela não se casasse. Ao mesmo tempo cutucou Zé Nunes para que ele tomasse uma decisão. Graças a Deus, os dois ouviram Vicente, Maria terminou o namoro e Zé Nunes foi até Jurumirim para assumirem o compromisso. Pediu a mão de Maria para vô Abel e alguns meses depois ficaram noivos...
Dia 30 de abril de 1962, numa segunda feira, aconteceu o casamento que abalou as estruturas de Jurumirim. Maria estava lindíssima, seu vestido era perfeito, na mão tinha um terço que simbolizava que sua união tinha as bênçãos de nossa mãe Maria. Foi a única filha que teve o privilégio de ser conduzida por vô Abel até o altar. A festa tinha muita fartura, boi, galinhas, quitandas deliciosas, foi necessário uma semana de preparo para que tudo saísse como ela queria, até toalha tinha na mesa de banquete, coisa que a família nunca tinha usado. Como não podia faltar, a pinguinha estava bem guardada para que o noivo, o tio Zé Lana e outros apreciadores pudessem saborear.
Terminada a festa o casal seguiu para a casa dos sogros (Amélia/Chico Nunes), para passar a tão esperada noite de núpcias, que aconteceu em um quarto ao lado dos sogros e a casa que não tinha forro, imaginem.....
Passado alguns dias do casamento, Maria seguiu com Zé Nunes para o Rio de Janeiro. Uma realidade muito diferente de tudo aquilo que ela já tinha vivido: sem nenhum parente, em uma cidade muito grande, onde não podia sair às ruas porque ainda não conhecia nada, passava o dia praticamente sozinha, era tudo muito novo para ela, gás encanado? Chuveiro quente? Vizinhos muito próximos .... Algumas mudanças boas outras nem tanto... Mas tudo bem, aprendeu a tirar isso de letra para começar essa nova etapa de sua vida.
Menos de um ano depois, já grávida de seu primeiro filho, sofre uma grande perda. A notícia da morte de seu pai Abel a deixa muito abalada e em respeito e conforme o costume da época permaneceu de luto por um ano. Dois meses da morte de seu pai, nasce seu primogênito, e como forma de homenageá-lo batiza-o como Abel.
Não demorou muito e nasce Francisco. Como chorava muito, Abel o apelida de Buá. Está formada a dupla trovão e relâmpago. Desde pequenos amigos inseparáveis. Inseparáveis também nas peraltices, tudo sempre sob o comando de Abel. Deram muito trabalho. Belinho chegou a pular de um muro com a sombrinha aberta pra imitar o pingüim, ficou todo machucado e com o braço quebrado. Aprontavam muito, geralmente faziam as coisas às escondidas, aí minha mãe descobria e o pau comia..... Aí veio Andréia, a primeira mocinha, tranquila, toda cheia de mimos e cuidados, era a filhinha do papai.
Neste período em que Abel, Francisco e Andréia eram pequenos, mamãe contou com a ajuda dos seus irmãos-anjos: “Conceição” que morou conosco por 2 anos e “Geraldinho” que durante 8 anos fez parte da nossa família. Ajudaram muito..... mas precisaram partir.... tinham que cuidar de suas vidas, deixaram muita saudade....
Maria estava tranqüila com seus 3 filhos, pensava que tinha parado por aí... foi quando, engravidou de novo, pensou “ ah, tá bom... 4 filhos é um número bom, de repente vem uma menininha pra fazer companhia para Andréia....” então começou preparar o enxoval....fez quase tudo rosa....aí nasce o Adriano.
Passou um tempinho, acho que as novelas não estavam assim tão interessantes.... e adivinha quem veio? E ainda bem que veio., Luciana (eu mesma).
Na maternidade meu pai levou todos os 4 irmãos para ver a filha mais linda... foram todos de pijama, quase 10 horas da noite, com a desculpa que não dormiam sem pedir a benção da mãe. E vocês não acreditam..... para o seu desespero, engravidou novamente....... então veio Lucinéia, a caçulinha que só queria dormir no meio dos pais, o xodó da mamãe. Agora a família estava completa..... graças a Deus....
As coisas não foram nada fáceis depois do sexto filho, passamos por um período de muitas dificuldades, então meu pai recebeu uma proposta melhor de emprego. Fomos todos para Volta Redonda, deixamos amizades e muitas histórias para trás e fomos tentar uma vida melhor .....
Nunca tivemos luxo, nossa casa sempre foi muito modesta, mas muita limpa e organizada, disso minha mãe não abria mão.
Não tinha muito tempo pra olhar os deveres, perguntar como estava na escola, essas coisas.....mas nos educou da melhor maneira possível, zelando por nosso bem estar, preocupando-se com nossa alimentação, e principalmente nos encaminhando na vida cristã.
Em 1985 com quase 24 anos de casada, morre seu marido e companheiro. Foi como se tivessem lhe tirado o chão. Momento muito difícil na sua vida... viúva com apenas 44 anos, com 6 filhos, em diferentes fases (jovens, adolescentes e crianças). Todos nós colaboramos de alguma forma, mas, não podemos deixar de mencionar e agradecer o apoio de nosso irmão Abel, que com 22 anos, assumiu as responsabilidades de um verdadeiro chefe de família.
Depois da morte do meu pai, mamãe nunca escondeu seu desejo de vir morar perto de sua família. Em 1989, seus irmãos Renato e Evaldo, vendo que nossa permanência em Volta Redonda era insustentável, viabilizou nossa vinda para Valadares.
Uma decisão abençoada, aqui, ela conseguiu muito mais do que ficar perto da família, fez amigos, engajou na Paróquia de Santa Rita, onde participou efetivamente de várias pastorais, chegando a ser Ministra Extraordinária da Eucaristia.
Hoje, orgulha-se de ter ajudando a construir a Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, que ela cuida e ama com toda sua devoção.
Nos últimos anos perdeu pessoas importantíssimas em sua vida, (tio Bonifácio e Geraldinho, vó Madalena), deixaram muitas saudades... mas deixaram também recordações inesquecíveis.
E hoje, estamos aqui, todos que de alguma forma fazem parte da sua vida... família, filhos, netos e amigos..... para festejar com muita alegria seus 70 anos. Porque uma vida bem vivida merece ser celebrada ao lado de pessoas que amamos !!!
Mãe, em nome de todos os filhos queremos te desejar muita saúde e que Deus e Nossa Senhora continue abençoando e trilhando seus caminhos!!!
Obrigada pela presença de todos vocês!!
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